O River cometeu um único pecado. O mais mortal deles.
Imagina só. Se o Pratto não resolve prender a bola e ir em direção aos marcadores, se ele faz o simples, toca pro lado e não sai aquele contra-ataque do gol de empate, o River provavelmente teria cozinhado o jogo a seu gosto até o final.
E aí Gallardo seria um semideus. O River seria tratado como o dono do continente. Estaríamos falando de hegemonia, supremacia, pentacampeão, time copeiro, camisa pesada, respeitem o River Plate. O texto seria sobre a sabedoria de como jogar uma decisão de Libertadores, uma aula, porque não deixou o Flamengo jogar, manteve a serenidade, o controle das ações, fez seu gol e conduziu o restante do jogo como quis.
Estariam zoando que o cheirinho voltou, que o Gabigol não jogou nada (porque até acabar com a final em três minutos ele realmente estava mal), que o Jorge Jesus não é tudo isso, que o Flamengo não tem tradição internacional, que o River pegou o Flamengo, dobrou e botou no bolso e não sei mais o quê.
Só que no futebol, mis hermanos, no futebol não tem o "se". Tem o porém, o contudo, o entretanto e o todavia. Tem tudo que você possa imaginar e ainda um estoque infinito de coisas inimagináveis. Menos garantia. E é aí que mora o pecado mortal: eles acharam que já estava tudo definido.
Deixaram o Flamengo crescer, renascer e sobretudo, acreditar. Justo o Flamengo do Gabigol, do Bruno Henrique, do Arrascaeta e do Diego. Sim, vejam só, do Diego! Mais um porém nessa história.
Logo o tal River do Gallardo, cascudo e multicampeão, era tão seguro de si que esqueceu de respeitar a regra fundamental desse esporte maroto, que não está em nenhum manual da FIFA: quando você acha que já sabe tudo, vem a bola e te dá um tapa de realidade na fuça. Sem dó, sem perdão e sem massagem.
Sabe de nada, inocente.
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