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Bolívia Zica

Não consigo achar normal empatar com a Venezuela

Bolívia ZIca

19/06/2019 15h24

Durante toda a história do futebol brasileiro, bater na Venezuela era quase um ato de covardia. Tadinhos. Bate, pois estamos aqui pra isso, mas também não precisa humilhar. O que houve então, que de repente aquela seleção humilde, que nunca disputou uma Copa, se tornou uma pedra no sapato até mesmo para a pentacampeã mundial?

Foto: Thiago Calil/AGIF

Poderia aqui falar da geração deles, que é boa. Tem o atacante Salomón Rondon, do Newcastle, e o capitão Tomás Rincón, do Torino. Uma molecada promissora, dentro da realidade venezuelana, como o goleiro Fariñez e o meia Soteldo, que joga no Santos. Um técnico esperto e identificado com a seleção, o ex-goleiro Dudamel. Poderia falar que, apesar da crise política e econômica sem precedentes, população passando fome, o futebol evoluiu e conseguiu resultados como o 3 a 1 na Argentina e o sonoro 3 a 0 nos Estados Unidos, lá na terra do Tio Sam. É tudo verdade. Mas eu não concebo a ideia do Brasil não conseguir sair da marcação e, consequentemente, do zero.

O problema maior não é o placar decepcionante. E sim a falta de recursos para furar o bloqueio. Historicamente, toda equipe que joga contra o Brasil, joga fechada para se arriscar nos contra-ataques. E nós sempre conseguimos desmontar a barricada, seja na base do toque de bola, do coletivo, ou do improviso, de uma jogada individual. Ontem não vimos nem um, nem outro.

Depois de um bom começo, logo surgiu aquele time lento, burocrático, previsível e sem inspiração da Copa da Rússia. Com ou sem Neymar. Depois que o Cebolinha entrou, melhorou. Aliás, é o único que joga com o tesão necessário. Merece a titularidade. Bons atacantes nós temos, mesmo com a falta de um centroavante nato. Jesus, Richarlison e Firmino sabem fazer gols. Neres e Éverton são ótimos. O buraco está na criação.

Foto: Thiago Calil/AGIF

Para armar jogadas ofensivas, dependemos de um dia bom do Coutinho, que nem meia clássico é, ou de uma subida do Arthur. Os volantes tentam a ligação direta e os laterais entram na diagonal, como se fossem meias, para tentar fazer o papel de um camisa 10. Não adianta entrar com três atacantes se ninguém encosta para fazer uma tabela, meter uma bola rápida de primeira, fazer um corta-luz ou dar um lançamento perfeito para surpreender a defesa. Não é possível que o Tite não tenha percebido.

A carência no setor  é tanta que, ontem no Twitter, o povo lembrava de meias que nem sonhavam em estar na lista do treinador. Éverton Ribeiro, Thiago Neves, Gustavo Scarpa, Renato Augusto e até PH Ganso foram citados. Mas parece que não é a falta de peças que incomoda. Allan e Paquetá estão no grupo, poderiam colaborar nessa ligação, mas não ganham oportunidades. Queria entender qual é a ideia do Tite para resolver esse problema. Por enquanto, continua um enigma a ser decifrado. E a paciência da torcida está cada vez mais curta.

 

 

 

Sobre o Autor

Jornalista de formação, amante do futebol por paixão e corneteiro por vocação. Apresentador do canal Desimpedidos. Comanda o Bolívia Talk Show.

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As opiniões do personagem não refletem necessariamente a opinião do homem por trás da máscara. Mas quase sempre sim.