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Bolívia Zica

Fiz o Caniggia vestir a camisa do Brasil

Bolívia ZIca

16/06/2019 20h04

Sabe aquele moleque que não acredita que está na mesma sala que duas lendas do futebol sul-americano e mundial? Este era eu, em um evento da Adidas que aconteceu em São Paulo. Quando vi René Higuita e Claudio Caniggia, lembrei da magia que uma Copa do Mundo exerce sobre um garoto de 12 anos, que só via aquelas figuras na televisão ou no álbum de figurinhas.

A dupla parecia que era de uma banda de rock dos anos 80. Slash e Axl Rose. Muito estilo. Quem pensa no folclórico goleiro colombiano e no carrasco argentino, provavelmente imagina que o primeiro seja muito simpático, brincalhão, e o segundo uma marra só. E foi exatamente o contrário. Fui apresentado a eles e perguntei se poderia fazer uma entrevista rápida com os dois juntos, que tinha um talk show em um dos principais canais de futebol no Youtube. Higuita não abriu a boca e olhou para o horizonte. Caniggia, por sua vez, perguntou sobre o canal, quantos inscritos tinha, e logo se comprometeu a gravar. El Loco continuou calado.

Tudo que consegui foram 12 minutos de resenha. "Que sea rápido, por favor. Estoy cansado!", disse El Pájaro, o Filho do Vento porteño. Entre uma pergunta e outra, quis saber em qual time brasileiro eles gostariam de ter jogado. Higuita lembrou do Santos. Caniggia citou o Flamengo, e revelou que quase foi contratado pelo Mengão no final dos anos 90.

Mas o ponto alto da entrevista express foi o final. O culpado pelo meu primeiro grande trauma no futebol estava ali, na minha frente, com a mesma cabeleira loira, ainda que bem menos vistosa. Claro, já se passaram quase 30 anos desde aquele fatídico gol no Taffarel.

Tirei da mochila um presente que tinha reservado. "Claudio, tengo un regalo para vos". Era uma camisa do Brasil. "Pela ferida que você causou em todos nós brasileiros, poderia vestir essa camisa como forma de desculpas? Só para ver como fica".

Sinceramente, achei que ele ia recusar. Para minha surpresa, o cara tirou a camisa que estava vestindo e mandou a frase: "Vou fazer como o Maradona e fingir que é um pesadelo". E então vi a cena inusitada: o Caniggia com a amarelinha. Todo mundo que estava em volta bateu palmas, a entrevista acabou e ele me perguntou: "Posso ficar com ela? Gostei". Claro, Claudio. Obrigado por topar fazer a brincadeira. Tanto tempo depois, meu trauma já passou.

A entrevista e a imagem do argentino com a nossa camisa você confere em breve, no Desimpedidos.

 

Sobre o Autor

Jornalista de formação, amante do futebol por paixão e corneteiro por vocação. Apresentador do canal Desimpedidos. Comanda o Bolívia Talk Show.

Sobre o Blog

As opiniões do personagem não refletem necessariamente a opinião do homem por trás da máscara. Mas quase sempre sim.