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Bolívia Zica

O Corinthians é o grande favorito? Não é bem assim

Bolívia ZIca

15/04/2019 19h42

Na última década, o Corinthians tem se dado melhor no confronto com o São Paulo. E na vida também. Três Brasileiros, uma Libertadores, um Mundial e uma Copa do Brasil, fora os Paulistas, contra apenas uma Sul-Americana. Conseguiu empatar no Morumbi e agora vai contar com o apoio da torcida em casa, um lugar onde o Tricolor nunca venceu. Teoricamente, as chances são maiores. Isso quer dizer que o Timão já é campeão? Longe disso!

Foto: Daniel Vorley/AGIF

O São Paulo jogou melhor no Morumbi e poderia ter ganho o jogo. Não faz gol, mas é um time que vem melhorando, a molecada injetou velocidade, eliminou o badalado Palmeiras, e o Corinthians não tem jogado bem. Passa no sufoco, com o regulamento debaixo do braço. Sim, o retrospecto do Carille em mata-matas é impressionante. Mas retrospecto e lógica também podem pregar peças. Que o diga o zagueiro Betão, que hoje joga no Avaí.

Em 2007, ele estava naquele Corinthians que foi rebaixado. Uma das piores fases da história do clube. A campanha era péssima. E antes de realmente cair para a segunda divisão, o Corinthians de Betão, Zelão, Moradei e Finazzi enfrentou o São Paulo do Muricy, que liderava o Brasileirão rumo ao bicampeonato. E ainda seria tri em 2008. Hegemonia total. Tempos de ouro.

Para piorar, o jogo era no Morumbi e o time do Betão tinha que acabar com uma freguesia de 13 jogos sem vencer o rival. E o que aconteceu? O improvável: 1 a 0 para o Corinthians, gol de Betão. "A emoção foi tanta que eu não conseguia mais respirar depois do gol. Ainda faltavam cinco minutos e eu estava ofegante, louco pro juiz apitar o final. Quando acabou, deitei no gramado aliviado, chorando. Depois o Marco Aurélio Cunha veio me dar um abraço e falou que se alguém tinha que fazer esse gol, só poderia ser eu", me contou o zagueirão, entre muitas outras coisas, na entrevista que vai ao ar no Bolívia Talk Show da próxima quinta-feira.

Betão também revelou uma história inédita sobre o rebaixamento. Depois do jogo derradeiro, contra o Grêmio no Olímpico, um dirigente da organizada se escondeu dentro do ônibus do time antes da partida acabar. Ele já tinha jurado os jogadores, ameaçado ir atrás deles e das famílias caso o Corinthians caísse. "Saímos do estádio e, depois de cinco minutos que o busão estava andando, do nada, o maluco saiu de dentro do banheiro. Estava o maior silêncio no ônibus. Os jogadores ficaram em choque, sem reação. Ele saiu gritando, fora de si. Deu um safanão no Everton Ribeiro, que se assustou. O Arce pulou uns cinco bancos para trás de medo".

Betão ainda contou mais duas histórias tensas sobre invasões sinistras de torcedores, com ameaças e agressões. Hoje os tempos são outros. Quem joga no Corinthians, joga com tranquilidade. Porém, no domingo, outra camisa pesada estará do outro lado. Os donos da casa devem sair mais pro jogo, o que torna o espetáculo mais bonito. Temos uma bela final pela frente.

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Sobre o Autor

Jornalista de formação, amante do futebol por paixão e corneteiro por vocação. Apresentador do canal Desimpedidos. Comanda o Bolívia Talk Show.

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