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Bolívia Zica

Por pura picuinha, o Rio quase viveu outra tragédia

Bolívia ZIca

17/02/2019 23h18

Não é de hoje que o futebol carioca perdeu muito do seu charme. O mesmo se aplica ao novo Maracanã e à Taça Guanabara. Mas o que aconteceu neste domingo é inaceitável. Deprimente. Uma demonstração da total falta de organização, sensibilidade e visão por parte dos clubes finalistas e do tal consórcio.

O jogo poderia ter uma festa bonita. Mais do que poderia, deveria. O momento do país é dos mais tensos. No Rio então, a situação é mais do que tensa. É triste. A cidade está de luto. Precisava criar um clima de guerra e gerar toda essa confusão por causa de setor norte ou sul? Fala sério!

Era a oportunidade perfeita para mostrar que existe solidariedade e união por parte dos rivais, por um bem comum, principalmente nas horas mais difíceis. Durante os últimos dias, Vasco, Fluminense e Botafogo se manifestaram assim em relação à tragédia no Ninho do Urubu. Então por que dar mais importância a uma picuinha do que ao torcedor e seu bem-estar? Não valia a pena alguma parte ceder, abrir mão de determinado setor no estádio, pelo menos dessa vez, para o clássico rolar em um clima tranquilo, talvez até com torcida mista? Depois resolve esse imbróglio, porra! Perderam uma grande oportunidade. Fizeram exatamente o contrário.

O bicho pegou do lado de fora. Teve muita confusão até a polícia abrir os portões. Foto: Jotta de Mattos/AGIF

Nem quero entrar no mérito de quem tem o direito de ocupar o setor sul do Maracanã. Diante do momento delicado e do respeito ao torcedor, isso não vale nada. Milhares de pessoas compraram ingresso. Elas queriam entrar no estádio. O pau comeu do lado de fora. Crianças, idosos, todo mundo correndo de um lado pro outro, gente ameaçando invadir, a polícia jogando gás de pimenta, aquele tumulto. Mais do que falta de bom senso, foi uma grande irresponsabilidade. Podia ter acontecido outra tragédia, por conta da vaidade e da cintura dura dos dirigentes. Politicagem de gente que pensa pequeno.

O Maracanã de portões fechados para a final da Taça Guanabara: parecia um jogo-treino. Thiago Ribeiro/AGIF

Até a polícia pedir para abrirem os portões, a final parecia um jogo-treino. Além de não contarem com a energia da arquibancada, os jogadores ainda escutavam estouro de bomba e confusão do lado de fora. O jogo começou de verdade aos 30 minutos do primeiro tempo.

Não sei até onde esses times podem chegar, mas Fluminense e Santos começaram o ano como desacreditados e são os únicos do eixo que já demonstram algum padrão de jogo, proposto por Diniz e Sampaoli. Mas foi o Vascão 100% que levou o título, com Danilo Barcelos batendo falta que entrou direto. O placar do jogo foi 1 a 0 pro Vasco. Mas pensando muito além de uma vaga na semifinal do Carioca, foi uma goleada em cima do futebol carioca e brasileiro.

Um golzinho levou o Vascão 100% ao título da Taça Guanabara. Thiago Ribeiro/AGIF

Sobre o Autor

Jornalista de formação, amante do futebol por paixão e corneteiro por vocação. Apresentador do canal Desimpedidos. Comanda o Bolívia Talk Show.

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As opiniões do personagem não refletem necessariamente a opinião do homem por trás da máscara. Mas quase sempre sim.