Carille ainda está tranquilão. Jardine não.
Vamos falar a real: futebol por futebol, o que o Corinthians vem apresentando não é muito diferente do que o São Paulo está jogando. Mas enquanto o bicho tá pegando pros lados do Morumbi, o clima no Corinthians é tranquilo.
Claro que a vitória contra o Palmeiras, ainda mais no Allianz Parque, manteve o ambiente suave com torcida, imprensa e dirigentes. Ganhar o clássico contra o primo rico, na casa dele, é praticamente um Rivotril. Acalma e segura a ansiedade. Já o São Paulo perdeu o clássico que jogou tomando um baile do Santos e ainda levou dois cocos na Argentina, pela Pré-Libertadores.
Na próxima quinta-feira, contra o Racing, é a vez do Corinthians ter o desafio do ano até aqui. E que fique ligeiro, porque o adversário é bem mais qualificado do que o modesto Talleres. Da mesma forma que a Libertadores é a musa do baile do Tricolor em 2019, a Copa Sul-Americana é a do Coringão. E ser eliminado no primeiro confronto seria um desastre para ambos.
A grande diferença é a moral que o Carille tem. De novato, passou rapidamente à prateleira dos melhores técnicos do Brasil ao ganhar, principalmente, o Brasileirão com um elenco que ninguém dava nada. Diretoria e torcida confiam muito no trabalho dele. Por isso o mau futebol, os erros na defesa, as derrotas para times do interior e o perigo da eliminação na Copa do Brasil logo na primeira rodada ainda não abalaram. Pobre André Jardine, que é o novato que ainda não ganhou nada e ainda conta com a impaciência de uma torcida acostumada com grandes títulos, mas que há muito tempo não vê a cor da taça.
Carille precisa urgentemente botar em prática sua grande especialidade, que é ajeitar o sistema defensivo. Bola alta na área é um Deus-nos-acuda. O meio-campo foi o setor que mais ganhou reforços, mas também não andou, nem pra proteger a zaga, nem pra criar jogadas ofensivas sem depender apenas do Gustavo, que voltou mais Gustagol do que nunca.
Jardine precisa dar um jeito de mobilizar o grupo, dar um choque de motivação. Hernanes tem sido, nos últimos anos, uma ilha de excelência cercado de incompetência por todos os lados. Só ele parece sentir e jogar como é necessário. Os outros jogadores mais rodados precisam chamar a responsa nessas horas. Nenê, Diego Souza, Jucilei e até o Hudson podem render mais. Se não é na velocidade, é na base da experiência e da liderança pra reverter o péssimo resultado que trouxe de Córdoba.
Enfim, não importa como, mas São Paulo e Corinthians não têm outra opção – é passar ou passar pelo primeiro grande desafio, senão já vai dar aquela broxada antes mesmo do Carnaval!
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